Hoje em todo lugar que eu vou toca um tal remix que lembra mais a trilha sonora de um desenho animado em que o cara repete “pa pa panamericano”… Tu entra num elevador e toca o telefone do cara.
Pa-pa-panamericano…
Tu vai num casamento, a festa rolando solta, neguinho cheio de caipirinha na cabeça já despirocando no salão… E então…
Pa-pa-panamericano…
Você está no carro, liga o radio pra saber das notícias… Mas ao ligar, escuta a indefectível buzininha e o saxofone metalizado e então…
pa-pa-panamericano…
E assim vai. Sala de espera, consultório do dentista, no ônibus, na Tv, no baile que ecoa distante na escuridão da madrugada:
pa-pa-panamericano…
Quando não é isso é Bad Romance. “Ga-Ga-Ulalaa…”
Me faz pensar o que aconteceu com o Pour Elise. Hoje só o caminhão do gás toca a musica que ficou célebre por estar em tantos celulares da primeira e segunda geração.
Mas seja como for, a onipresença musical do tal remix panamericano é o sinal dos tempos. A Nivea detesta, (o que de uma certa forma me faz apreciar morbidamente esta musica). Toda vez que ela começa a reclamar do “panamericano” eu acabo com a discussão com um argumento que é eloqüente como uma bomba nuclear:
-Preferia que estivesse tocando Tati quebra barraco?
-Não, não! Esconjuro! Tá bom, tá bom. E ela começa a fingir que está cantarolando o pa-pa-panamericano e não reclama mais.
Eu estava no shopping com ela quando tocou. Eu fiquei intrigado sobre o que será que a letra do remix queria dizer com “panamericano”.
Seria algo relacionado ao Pan – o evento esportivo? Seria algo relacionado a geopolítica mundial, conclamando uma união de todos os países das Américas?
Ao chegar em casa, fui procurar.
Achei a versão original e que surpresa, o que o cara canta é em italiano. Não sei o que ele diz, já que eu sou uma negação completa na língua do Totó. O que eu sei é que a musica original se chama “Tu vuò fa l’americano”, e o cara que canta é Renato Carosone.
Renato Carosone é um musico e cantor napolitano. É o cara aí do piano. Ele ficou famoso ao interpretar canções tradicionais italianas. Ele morreu aos 81 anos em Roma, no ano de 2001 sem sequer imaginar que o filme de seu sexteto de jazz, gravado após a guerra, daria origem a uma musica tão tocada no mundo inteiro.
Teoricamente a musica fala sobre alguém que queria ser como os americanos. Engraçado, nunca uma letra caiu como uma luva tão bem ajustada ao ideal de perfeição brasileiro, ao menos da classe média para cima.
Seja como for, é garantido que o que o cara canta não é “Panamericano” – o nome do banco do Silvio Santos. Aliás, não sei como ele ainda não comprou os direitos da musica pra divulgar o banco.
Aqui está a versão original, que é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. O legal desta versão é que 100% da banda parece estranhamente fake, como se fossem robôs:
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Pa pa namericano.O original
05:52
vida estranha
No comments
0 comentários:
Postar um comentário